“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” Hebreus 1:1
Para que possamos compreender o contexto do Antigo Testamento é necessário que entendamos que o AT é refletido no NT e que a compreensão da antiga aliança, acontece a luz da nova, como que por um espelho, onde o novo reflete o antigo, já que o antigo apontava para o novo, ensino esse corroborado pelo apóstolo Paulo na epístola aos Colossenses (Cl 2:17).
Deus se revelou ao povo de Israel na realidade da sua história e fez isso como o único Deus, Criador e Senhor do universo e da história, não se assemelhando a nenhuma outra experiência humana, nem se identificando com alguma imagem feita pelos homens.
As ideias e a linguagem do Antigo Testamento transparecem nos escritos do Novo Testamento, em cujo pano de fundo está sempre presente o Deus do Antigo Testamento, o Pai de Jesus Cristo, em quem é revelado, definitivamente, o seu amor e a sua vontade para todo aquele que o recebe pela fé.
Portanto o Antigo Testamento dá especial atenção ao relacionamento de Deus com Israel, o seu povo escolhido e um dos principais aspectos desse relacionamento é a Aliança do Senhor com Israel, a qual se compromete a ser o Deus daquele povo que tomou como a sua possessão particular e dele exige o cumprimento religioso dos mandamentos e das leis divinas.
Assim, a fé comum, as celebrações cúlticas e a observância da Lei são os elementos que configuram a unidade de Israel, uma unidade que se rompe quando se torna infiel ao Deus ao qual pertence, haja vista o período dos juízes na qual Deus julgava o seu povo, quando estes pecavam, mas agia com amor e misericórdia, levantando juízes que julgavam o povo com justiça e equidade.
A história de Israel como povo escolhido revela que o mais importante é manter a sua identidade religiosa em meio ao mundo ao seu redor, passo necessário que será dado em direção à mensagem universal que depois, em Jesus Cristo, será proclamada pelo Novo Testamento.
Nem todos os aspectos do Antigo Testamento mantêm igual vigência para o cristão, deste modo o Antigo Testamento deve ser interpretado à luz da sua máxima instância, que é Jesus Cristo. A projeção histórica e profética do povo de Israel no Antigo Testamento é uma etapa precursora no caminho que conduz à plena revelação divina em Cristo (Hb 1.1-2).
Sendo assim, certas instruções absolutamente válidas para o povo judeu deixam de ser igualmente vigentes para o novo povo de Deus, que é a Igreja (cf. At 15 Gl 3.23-29 Cl 2.16-17 Hb 7.11-10.18) e alguns aspectos da lei de Moisés, do culto do Antigo Testamento e da doutrina sobre o destino do ser humano, pessoal e comunitariamente considerado, devem ser interpretados à luz do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Por fim, os primeiros cristãos passaram a interpretar as Escrituras à maneira de Jesus, adaptando a sua interpretação à nova realidade criada pela ressurreição de Jesus, na qual os cristãos viram a confirmação divina do seu carácter messiânico.
Enquanto Jesus leu nas Escrituras antes de mais o anúncio do Reino de Deus de cuja instauração era o percursor, sendo que a partir daquele momento fora inaugurado os valores do reino entre os homens. “O Reino de Deus, não é comida e nem bebida, mas paz, alegria e justiça no Espírito Santo”.
Referências
– MERRIL, Eugenes – História de Israel no Antigo Testamento – Editora: CPAD – 2ª Edição – Rio de Janeiro – 2002 – 577 páginas.
– SOARES, Esequias – LB: Visão Panorâmica do Antigo Testamento – Editora: CPAD – 1ª Edição – Rio de Janeiro – 2003 – 96 páginas.
– RENDTORFF, Rolf – A Formação do Antigo Testamento – Editora: Sinodal – Tradução: Bertholdo Weber – 4ª Edição – São Leopoldo – 1989 – 48 páginas.